Padre é a adaptação para as telas de mais uma história em quadrinhos, desta vez, uma coreana, que ganhou o mundo ao criar esse misto de faroeste pós-apocaliptico com pitadas de terror, muito embora, o filme não deva ser dos mais fieis, já que se fosse, seria impossível acreditar que tal resultado fizesse sucesso pelo mundo.
Dirigido por Scott Charles Stewart, que vem do desastrosoLegião, Padre acaba sendo uma mistura apressada e sem personalidade, que ilude pela marca “3D” e pela pretensão de uma plasticidade visual, mas é tão econômico em termos narrativos que faz ser difícil que seu espectador não saia chateado com o que viu (no mesmo caminho de seu outro filme já citado).
Nele, os tais Padres são guerreiros em um mundo pós-apocaliptico e desértico, comandado por um clero (encabeçado por um Christopher Plummer em mais um papel descartável) que chegou ao poder depois vencer essa batalha secular contra uma horda de vampiros. Foram esses Padres que, se não puseram fim ao conflito, pelo menos serviram de instrumento de força desse clero contra essas criaturas, até conseguirem contê-los em espécies de reservas afastadas (tudo isso mostrado em uma animação sem graça e econômica).
Fim da ameaça, fim da função dos Padres e o começo de uma vida relegados a obscuridade, até que um deles, vivido por Paul Bettany (que já tinha tentado salvar o mundo em Legião, com a mesma voz rouca e gutural), recebe a notícia que sua família foi atacada por um grupo de vampiros e sua sobrinha foi levada por eles, o que lhe deixa, como única opção, negar seus votos e partir em busca dela em companhia de um xerife (Cam Gigandet, desesperado por ser casca grossa, olhando de baixo para cima e tudo mais) que, aparentemente, tem alguma ligação afetiva com mocinha em perigo.
O problema disso tudo é a mesma economia da animação, que parece se espalhar por todo filme. Padreeconomiza na trama, economiza com seus personagens, economiza com todos conflitos e soluções, na estrutura, na falta de profundidade e deixa claro uma pressa enorme em chegar a lugar nenhum.
Se por definição, Padre é sobre essa busca que, obviamente, acaba indo de encontro a algo muito maior (o que dá ao grupo a oportunidade de salvar o mundo), em sua superfície ele acaba resultando em uma experiência cansativa e pontual, onde esse trio (já que os dois ganham a presença de uma outra “padre”, vivida por Maggie Q) indo de local em local, trocando algumas linhas de diálogos, descobrindo uma pista e dando de frente com uma ameaça em CGI (do inglês Imagens Geradas por Computador). O arroz com feijão das estruturas, que faz com seus mínimos 88 minutos de duração pareçam levar uma eternidade para acabar.
Com isso, é difícil se interessar por qualquer personagem sequer, já que estão sempre fadados a momentos de desenvolvimentos esmagados por clichês e frase de efeito com pouquíssimo tempo de serem construídas (o velho truque das conversas a dois, afastados da ação para mostrar quem é quem, e que mais uma vez parece revivido do cheio de falhas Legião).
Por outro lado, é lógico que um cara todo vestido de preto com uma faca enorme, saindo na mão com uma centena de “vampiros” (ou, mais precisamente, parentes daqueles mesmos que fizeram companhia a Will Smith em “Eu Sou a Lenda”), assim como dinheiro suficiente para brincar com essa idéia, fará com que, pelo menos, Padre tente se apoiar nessas sequencias, que, infelizmente, perdem muita força graças a obviedade com que o diretor as trata. De modo datado e anticlimático, precisa de um monte de planos preparatórios onde nada acontece, antes de um vulto ou até daquele pseudo-suspense “será que ele sobreviveu”, com a câmera fixa em alguma borda a espera de uma mão surgir (que fica pior ainda quando, nessas oportunidades, quem dá sinal de vida é o próprio herói, que, obviamente, não iria ter morrido naquele momento).
A pressa em fazer seus personagens chegarem a essa batalha final em um trem, contra o grande vilão (que também é apresentado às pressas em um “pré-prólogo”) é tanta, que é difícil até entender o limite dos poderes desses Padres, o que, pior ainda, permite que todo foco seja completamente desviado a partir do momento que eles iniciam saltos enormes e caminhadas sobre pedras no ar (só vendo para entender).
E se tudo é um desastre anunciado (já que o trailer mostra exatamente o cenário de cada sequencia de ação e não deixa nenhum segredo escondido), mesmo com um visual que se esforça para criar esse mundo “pós-apocaliptico-velhoestiano” (e o faz sem surpresas, mas na medida), seu alardeado 3D fica só na promessa, já que alguém deve ter esquecido de explicar ao diretor de fotografia que toda tecnologia é uma questão de perspectiva e relatividade entre dois objetos (sem contar o tom mais escuro que os óculos provocam na imagem, e que, nesse caso deixam o filme beirando a confusão visual), fazendo então com que um enorme buraco escuro em 3D, se torne um enorme buraco escuro sem um pingo de tridimensionalidade (além de que um público acostumado com essas três dimensões já não acha mais que um monte de partículas pairando perto de seus olhos valham o ingresso muito mais caro).
Padre convence e empolga como uma montanha-russa sem subidas, que deve criar lá suas filas, mas na saída dos carrinhos nada parece ter mudado.
Adaptação para as telas de uma série de quadrinhos da Coréia do Sul (sucesso não só lá, mas em muitos outros países), Priest (no original) é uma mistura de terror com faroeste, em um mundo pós apocaliptico onde Paul Bettany é uma espécie de sacerdote responsável (junto de mais um grupo de semelhantes) por manter a ordem do lugar, até que decide largar tudo, contra as ordens de seus superiores, e ir em busca de sua sobrinha, que foi sequestrada por vampiros.
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